WEB 2.0 OU O ERRO DO “VELHO DO RESTELO”
A figura que Camões imortalizou nos “Lusíadas” representa todas as vozes que se levantam contra o progresso enfatizando os seus perigos. Com a web não foi diferente e muitos no passado e ainda hoje vêm-na como algo muito mau que faz com que quem a use deixe de ter vida e se dedique apenas ao virtual. Estava assim posta em perigo a sociabilidade.
A designação de Web 2.0 não é inocente e segue toda a terminologia usada para actualizações (update) e evoluções (upgrade) de programas informáticos. Quer isto dizer que a web 2.0 trata-se de uma evolução da web 1.0. Convém então ver o que é a web 2.0, e qual a evolução que o uso da Internet teve. Se os “Velhos do Restelo” tinham razão ou se pelo contrário estavam enganados.
Uma das principais e primeiras características da “Nova Web” ou Web 2.0 é o facto de que os usuários produzem conteúdo. A mudança que os blogs introduziram foi mais profunda do que há primeira vista possa parecer. Até então a produção de conteúdo na web está reservada a uns poucos que dominavam as ferramentas necessárias de criação e actualização de uma página. Assim a maior fatia dos webnautas tinha o papel passivo de consumir conteúdo e informação. Os blogs e mais tarde a tecnologia Wiki vieram permitir uma maior democratização da web no que se refere à produção de conteúdo.
Uma maior facilidade de produzir conteúdo e de o colocar on-line gerou várias alterações:
- A primeira foi a capacidade critica e activa das pessoas que agora têm nos blogs a sua forma de comunicar para o mundo. Havendo como consequência mais leitura e um espírito mais critico em lugar da passividade que a falta de uma relação dialógica provocava.
- Criação de comunidades baseadas não na proximidade física mas nos interesses comuns. A facilidade de publicar originou comunidades que se juntam em torno de um interesse ou tema comum o que leva depois à existência de relações interpessoais que fortalecem o sentido de comunidade.
- Quantas mais pessoas envolvidas na produção de conteúdo de um site, seja ele blog ou Wiki, maior é qualidade do serviço. Quantos mais membros maior é a actualização, a actualidade, a confirmação e validação dos conteúdos. Quase por relação directa maiores são também o números de webnautas a visitar a página, que em certos casos, também eles mesmo não sendo membros podem sugerir e/ou enviar informação e conteúdos.
Desta forma com a facilidade de acesso à produção de conteúdo este ganha uma maior importância. De tal forma que se liberta da sua plataforma inicial e se disponibiliza em diferentes plataformas. O exemplo mais fácil de perceber é o funcionamento dos feeds de RSS. Através dos feeds RSS o conteúdo dos blogs, por exemplo, pode ser usado em agregadores ou noutros blogs. O mesmo se passa com outro tipo de conteúdos que pode ser misturado e aproveitado para diferentes tipos de plataformas.
Há ainda a registar uma nova forma de classificação da informação. Se no nosso disco rígido organizamos a informação dentro de pastas e sub-pastas, ou seja, segundo categorias e sub categorias (taxsonomia) a Web 2.0 permite uma classificação menos linear e mais semelhante ao nosso pensamento. Através de tags que podemos traduzir por palavras-chave ou etiquetas, podemos colocar um link em mais que uma categoria simultaneamente (tagsonomia).
Outra das grandes inovações da Web 2.0 trata-se de ser possível aceder e usar aplicações on-line criando ambientes mais semelhantes ao ambiente de trabalho. Desta forma torna-se mais simples utilizar sites que requerem do utilizador a tarefa de preencher e actualizar a sua própria informação.
Esta simplicidade e rapidez potenciaram o surgir das redes sociais. As redes sociais são sites apoiados em bases de dados que permitem manter informação sobre cada pessoa actualizada pelo próprio. Permitem ainda ligações entre conhecidos e amigos virtuais ou reais. A utilidade que os utilizadores lhe reconhecem passa pelo juntar amigos separados pela distância. Manter o contacto, mostrar o que de novo se passa, e conhecer pessoas novas.
Um perfil completo numa rede social é um pouco a identidade de cada um. Coloca à disposição de todos imagens suas, os seus interesses, os desejos, etc. As medias de segurança são definidas pelos utilizadores que apenas disponibilizam os sues contactos se assim o desejarem. As formas de contactos promovidas pelos sites são seguras podendo apenas ser acedidas directamente na base de dados. Para os utilizadores destas plataformas elas são formas de extensão para a web das suas redes de amizades podendo assim manter o contacto com todos os amigos.
Ao contrário do que os “Velhos do Restelo” vaticinavam a web segue um rumo em que une cada vez mais as pessoas e as matem mais
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